O Centro Histórico, ao contrário do que se faz crer por aí, erradamente, já se vê, nunca poderá ter muitos habitantes, porque as suas casas de habitação são pela natureza da sua antiguidade, necessariamente, habitações de reduzidas dimensões.
Colocar um Centro de Saúde no Centro Histórico, - onde reconhecidamente, não há um número grande de habitantes - quando se tem um enorme Hospital com o seu espaço interior meio aproveitado e um imenso parque de estacionamento sem outra utilidade, que não seja para os doentes e seus familiares, não parece ser uma solução muito vantajosa.
Portanto, caem pela base as afirmações avulsas, de que é preciso "repovoar" o Centro Histórico com mais habitantes, quando as condições de habitabilidade ainda não foram alteradas, persistindo em muitas obras de recuperação recente a exiguidade das divisões e a ausência de janelas em alguns quartos de dormir, a par da insuficiência de instalações sanitárias bem dimensionadas ou de escadas de acesso de todo incomportáveis, face às regras de utilização funcional, de acesso e de segurança que se exigem hoje em dia.
Aliás, os comerciantes não se queixam propriamente de falta de habitantes, mas sim, da falta de clientes. Clientes que vinham precisamente, das outras freguesias até à cidade, fazendo dessas deslocações uma dia de festa e de um dia de compras.
Foi esse ritual que se perdeu. Principalmente, desde 1994 com a infeliz "deslocalização" do Terminal Rodoviário para a ponta poente da cidade.
A velha garagem dos Claras, que após 1975 passou a Rodoviária Nacional, era a verdadeira "Sala de Visitas" do concelho. Por ali todos passavam, todos se cumprimentavam e acabavam por falar dos seus negócios e das suas experiências de vida. Mais modernamente o " Pelicano", também o Chave de Ouro, a Casa de Pasto do Felício, o Mercado Diário, o Largo da Câmara e tantos outros locais na cidade complementavam o panorama.
Então colocava-se um desafio, diante da possibilidade de encontrar um "remédio" capaz de restituir ao Centro Histórico outra motivação forte de procura por parte de todos os munícipes e seus familiares, em primeiro lugar e ao mesmo tempo que esse " remédio" pudesse ser apelativo para outros visitantes, nomeadamente os turistas.
É assim que nasce a SOLUÇÃO CDS da LOJA das FREGUESIAS.
A LOJA das Freguesias é uma montra do que são as nossas dezanove freguesias. No fim de contas, mostrar o que constitui o nosso concelho no seu todo e dá-lo a conhecer a todos s nossos conterrâneos e familiares, que mal conhecem outras terras fora da sua própria freguesia.
Por outro lado, o Centro Histórico passará a ser encarado, não só como o repositório das vivências históricas dos citadinos, mas como o "arquivo" - e bem vivo - das vivências e das riquezas de todas as nossa freguesias. Esse comprometimento colectivo será o fermento de uma outra era cultural para o concelho. O que é de cada uma das nossas dezanove freguesias é NOSSO!
Se o Centro Histórico puder acolher a amostra do que são as belezas locais, as casas, o Património em geral, as paisagens, os rios, as ribeiras, o céu, a floresta e as nossas gentes e costumes, o artesanato, então essa LOja das Freguesias voltará a dar outra imagem do concelho. Nada mais indicado para reunir essa exposição, tipo Centro Comercial das Amostras Locais, do que na velha Garagem dos Claras, devidamente ampliada no seu interior com um ou dois pisos abertos em "mezanine", para um átrio central, onde todos se víssemos unidos na procura cultural que nos animou e animará para sempre em todo o concelho de Abrantes.
Voltaremos ao tema, um dia destes...
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