terça-feira, 16 de junho de 2009

CONSTRUA A SUA CASA PRÓPRIA, NA SUA PRÓPRIA FREGUESIA

Construa a sua casa própria, na sua própria freguesia.
Eis uma frase que resume a preocupação dos abrantinos

Como é que pudemos passar estes últimos 14 anos (desde o PDM de 1/6/95), sem nos revoltarmos e pugnarmos pelos nossos legítimos direitos?
Como é que pudemos privar os nossos fregueses do mais ancestral dos direitos reservado a todo o ser humano, o direito a construir o seu abrigo?
Como é que todos esses “indeferimentos” recolheram sempre a “chancela da unanimidade” dos partidos com assento na Câmara?
Nunca ouvimos, nestes últimos 14 anos um protesto sobre essa iniquidade, vinda de qualquer um dos candidatos à Câmara. E para que não surjam os oportunismos de última hora, é bom que isto seja dito.
Tanto mais que já houve quem se atrevesse a “exigir” um novo PUA, como se a especulação imobiliária na cidade, não fosse hoje uma situação insustentável para muitos abrantinos que tiveram que pagar mais pelo terreno da moradia, do que pela construção da mesma, coisa inédita, em todo o interior do país.
Esclareça-se, que só na zona do Estoril/ Cascais ou em Vale de Lobo no Algarve, é que se encontram exemplos de terrenos mais caros do que a própria casa em si. Pelos vistos, esta situação não incomoda os outros candidatos.
Mas é uma preocupação séria para muitos abrantinos.
Aqueles que foram forçados a "comprar" casa na cidade, engrossaram a "bolha inflaccionária". Pagaram a mais pela casa e não puderam escolher o local onde queriam viver. Facto, que não parece constituir motivo de orgulho para nenhuma autarquia.
O crescimento do número de habitantes, como se pretendia na cidade, não logrou atingir os seus objectivos. A queda acentuada na população residente nas freguesias teve um efeito demasiado negativo. A cidade ficou cercada pelo "deserto", com todas as consequências que daí advieram: terras abandonadas, casas degradadas, o espectro da desertificação em crescendo, a morte anunciada.
Em pouco tempo, a contaminação acabaria por ter os seus reflexos na própria cidade. E os preços inflaccionados também não ajudaram nada.
Ao mesmo tempo a "desertificação" nas freguesias deixava muitas terras de aptidão agrícola perdidas e invadidas pelos matos, o pasto das chamas que não tardaram a dominar o quotidiano estival.
A desolação foi uma constante. E a desvalorização das terras veio logo a seguir, vincando ainda mais o empobrecimento em geral das populações.
Neste quadro de desolação, a reanimação do turismo rural já não teve tempo e apoios suficientes para fazer desabrochar mil e umas iniciativas privadas, que noutro quadro teriam podido vingar.
Aquela ideia de que a terra estava condenada e a ideia generalizada de que qualquer construção era um alvo a abater pelos serviços camarários, deixou uma marca asfixiante na vivência local. A história de séculos de um modo de vida, onde se partia para fora, para arranjar o dinheiro para aplicar, no regresso, na construção de uma casa na terra terminou de forma abrupta.
Estes últimos 15 anos foram um erro colossal. Há que arrepiar caminho e fazer inverter a situação rapidamente, pese o correr da economia em contra ciclo desfavorável. Porque os abarntinos ausentes, são também detentores de mais terras no concelho. E a terra, e os terrenos são sempre um património importante e determinante, no comprometimento das pessoas com a terra.
Isto ainda não foi compreendido por ninguém.

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