sábado, 16 de janeiro de 2010

409 - Os esgotos desencontrados na Aldeia de Mato provaram como o PDM não é coisa para aprendizes de feiticeiro...

O que aqui falámos há dois dias sobre a urbanização do antigo Quartel da Escola Prática de Santarém prova como os Planos Directores Municipais não podem ser mais esse instrumento de sobrecarga ideológica.
Colocava-se a questão da sustentabilidade de uma área que já não se iria "fabricar" mais...
Então fazia sentido analisar todas as hipóteses daquele potencial urbanistíco. Não faz sentido, defender cegamente mais um hectare de olival no centro da cidade ou mais outro jardim, quando ali ao lado do Quartel estão três jardins, e centenas de hectares de campos com oliveiras.
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Voltando para o caso dos esgotos na Aldeia de Mato, percebe-se que ao projecto da Captação da Cabeça Gorda faltou o estudo do saneamento de toda a área envolvente, que se estendia à vizinha freguesia do Souto.
Essa omissão no projecto foi imperdoável.
E quando vemos cercearem as àreas aedificandi do PDM, com argumentos pseudo ambientais, assentes na falácia da protecção florestal e da defesa da qualidade da água da albufeira, não encontramos nenhum trabalho sério e coerente a nível da protecção civil e da defesa ambiental.
A área florestal ardeu pelo menos uma vez neste últimos 20 anos e há vastas áreas onde o fogo já as desvastou duas e três vezes nesse mesmo espaço de tempo, sem que tenham surgido bocas de incêncio espalhadas pelas povoações e inúmeros acessos à barragem para abastecimento dos auto-tanques dos bombeiros, já para não falarmos de minis barragens ou reservatórios em cada 100 hectares, como recomendam as regras de protecção florestal.
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Até que ponto é que o aumento de mais áreas de construção - não necessariamente dentro dos 500 metros mais próximos da albufeira - não tinham permitido custear todo um vasto projecto de redes de esgotos e de águas pluviais passíveis de tratamento adequado, em toda a zona envolvente da albufeira e nomeadamente, na proximidade da captação municipal da Cabeça Gorda.
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Infelizmente, muitos mergulharam a cabeça na areia, como se a suspensão de mais construções novas regenerasse as antigas e lhe conferisse um saneamento que ainda não têm.
E a omissão é tão grave, que até o anúncio de duas etares a descarregarem para a albufeira pareceram soluções eficazes. E chegados a esse patamar de grau de exigência ambiental tão baixo e sem rigor técnico credível, a simples substituição das duas etares por duas estações elevatórias (que podem avariar e deitarem os excedentes para a praia fluvial ou para a albufeira sem outra defesa possível) acabaram por parecer boas soluções ambientais e já mereceram páginas elogiosas nos media locais.
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Isto é uma ignorância e uma irresponsabilidade completa. As soluções em matéria ambiental e de saneamento em especial estão muito longe dos mínimos desejáveis.
Não vale a pena atirarem poeira para os olhos...
É tudo tão difícil, que tudo se perde...

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