domingo, 31 de janeiro de 2010

427 - ELIMINAR a pobreza extrema é o caminho mais curto para se chegar à SEGURANÇA

Do editorial do "i"

A terrível situação que se vive no Haiti - e que se acompanha no Ocidente à distância - tornou-se, hoje, um problema de criminalidade. Já não é o terramoto que faz as notícias, mas as pilhagens e a violência nas ruas.
O Ocidente - dos Estados Unidos da América à Europa - tem uma forma de lidar com essa violência: mandar forças armadas e pedir- -lhes que usem o bastão com a necessária violência.
A ideia está certa - é preciso defender todos quantos em Port-au-Prince nada querem com crime e pilhagem. Mas o Ocidente, como sempre, está a procurar resolver um problema usando as ferramentas que conhece.
Parece conversa fiada, mas é assunto que dá que pensar.
Kishore Mahbubani é um conceituado professor de Políticas Públicas na Universidade de Singapura. O seu nome é respeitado da Índia à China pelas ideias modernas e asiáticas que defende. Não é contra o Ocidente: foi presidente do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
O que Kishore não aceita é que os problemas do mundo sejam olhados apenas a partir desta perspectiva ocidental.
No crime, por exemplo. Em Julho deste ano Kishore assinou um artigo no "Straits Times", de Singapura, procurando explicar por que razão a taxa de criminalidade é tão baixa nesta cidade-estado.
Chegou a conclusões que parecem quase absurdas aplicadas ao Haiti - para ele, a razão da ausência de crime não é a polícia eficaz ou o Estado-força; é a ausência de pobreza desesperante.
Sem ela não existe razão para roubar. Para que tudo se mantenha assim, Kishore está a pôr em marcha políticas públicas como esta: cada habitante com emprego e um bom salário de Singapura deve cuidar de um outro habitante sem emprego ou com baixo salário. Brincadeira?
Kishore Mahbubani é um homem ouvido em toda a Ásia, e o seu texto mais influente (dos últimos meses) foi publicado este Novembro no americano New York Times.

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