sexta-feira, 19 de junho de 2009

CONSTRUA A SUA CASA PRÓPRIA, NA SUA PRÓPRIA FREGUESIA

in "Primeira Linha" - edição 18 Junho

Como é que pudemos passar estes últimos 14 anos (desde o PDM de 1/6/95), sem nos revoltarmos e pugnarmos pelos nossos legítimos direitos?
Como é que pudemos privar os nossos fregueses do mais ancestral dos direitos reservado a todo o ser humano, o direito a construir o seu próprio abrigo?
Como é que todos esses “indeferimentos” recolheram sempre a “chancela da unanimidade” dos partidos com assento na Câmara?
Nunca ouvimos, nestes últimos 14 anos um protesto sobre essa iniquidade, vinda de qualquer um dos candidatos à Câmara. E para que não surjam os oportunismos de última hora, é bom que isto seja dito.
Tanto mais que já houve quem se atrevesse a “exigir” um novo PUA, como se a especulação imobiliária na cidade, não fosse hoje uma situação insustentável para muitos abrantinos que tiveram que pagar mais pelo terreno da moradia, do que pela construção da mesma, coisa inédita, em todo o interior do país.
Esclareça-se, que só na zona do Estoril / Cascais ou em Vale de Lobo no Algarve, é que se encontram exemplos de terrenos mais caros do que a própria construção da casa em si. Pelos vistos, esta situação não incomoda os outros candidatos.
Talvez, que nem se tenham sequer apercebido, quanto prejuízo essa situação vem causando, principalmente, nos jovens moradores, que foram empurrados para as encostas da cidade e acabaram vítimas da especulação criada. Tão pouco perceberam, que o aumento desses preços na cidade criou um desequilíbrio tão grande, que nen vendendo as terras dos pais nas aldeias, (que ninguém quer comprar) arranjam dinheiro para o “sinal” do imóvel na cidade.
Não percebendo isso, também não perceberam a característica muito especial deste concelho onde por cada abrantino residente, há pelo menos dois outros que têm que trabalhar fora da sua terra. E que uns e outros, - todos nós - merecemos ter casa, por cá.
Como não perceberam, que mandava o bom senso, nestas circunstâncias, que o PDM começasse desde logo, por acautelar para esses dois terços de abrantinos ausentes, a possibilidade efectiva, de poderem construir nas suas freguesias de origem, nos seus próprios terrenos, a sua casa própria. Tanto mais que são possuidores de terras em Abrantes. São proprietários que pagam impostos. E pagariam muito mais, se fossem proprietários dos imóveis que já não puderam construir. Verbas sempre úteis, para a acção social.
Nas Fontes, 300 novas moradias (distribuídas pelas suas 15 povoações) teriam custeado com o IMT, o IMI e as licenças a conclusão do Centro de Dia, há 7 anos em arrastada construção.
Ora como nunca se ouviu essa defesa em prole de dois terços dos abrantinos, é certo e sabido, que não será agora, que poderíamos confiar a esses mesmos candidatos complacentes e indiferentes, o arrepiar de caminho. E não combatendo isto, que maior injustiça os faria lutar pela equidade?
Está em jogo, uma nova mentalidade. A Câmara Municipal não pode ser mais um local de castigo infligido por uns poucos, sobre tantos. Até porque isso acarreta as suspeitas (que eu ainda não irei hoje descrever aqui), de que há corrupção, compadrio e favorecimentos ilícitos. Eu sei do que falo. A Câmara tem que ser um local para ajudar os munícipes com toda a lealdade. A minha luta merece respeito. Apesar de alguns esgares nervosos, derivados do evidente desespero, de quem pactuou demasiado com esse sistema. E isto, também tinha que ser dito. Para que ninguém se deixe enganar pelos falsos profetas.
João Baptista Pico

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